A coordenação motora compreende a habilidade de utilizar de maneira eficiente músculos e articulações do corpo atendendo às ordens do cérebro (1). Tal habilidade é estimulada desde os primeiros momentos de vida, de maneira contínua e por etapas que se sucedem sendo umas pré-requisitos para outras. Conforme Fonseca (1988), a cada idade os movimentos nos seres humanos adquirem características relevantes e a aquisição ou surgimento de certos comportamentos motores interferem significativamente no desenvolvimento da criança. Nesse sentido, cada nova aprendizagem, proporcionada pela experiência e pela troca com o meio, provoca mudanças tanto no domínio mental como no motor.
Por meio do desenvolvimento motor, caracterizado pela aquisição permanente de novos movimentos, o corpo da criança consegue, gradativamente, estruturar-se no espaço e no tempo. As experiências motoras acumuladas colaboram com o estabelecimento de uma imagem e de um esquema corporal, que compreende tanto controle, como coordenação, conhecimento e consciência do corpo.
O desenvolvimento da coordenação motora é imprescindível por que por meio dele constroem-se as bases a partir das quais a criança poderá realizar inúmeras aprendizagens, tanto no espaço familiar como no ambiente escolar.
As habilidades motoras, relacionadas à coordenação motora, se dividem em habilidades motoras amplas e habilidade motoras finas.
As habilidades motoras amplas (coordenação motora ampla) dizem respeito ao controle de movimentos amplos, voluntários ou complexos de nosso corpo. Envolvem a ação simultânea de diferentes grupos musculares e habilidades tais como pular, caminhar, correr, dançar, arremessar bolas, levar ou lançar objetos, marchar, dentre outros movimentos. Propor atividades que envolvam tais habilidades garante o desenvolvimento desse tipo de coordenação motora.
A coordenação motora ampla representa o domínio que a criança exerce sob o corpo em sua relação com o tempo e especialmente com o espaço.
As habilidades motoras finas (coordenação motora fina) correspondem à mobilização de pequenos grupos musculares das extremidades do corpo visando a realização de movimentos coordenados, específicos e delicados.
O desenvolvimento da coordenação motora final serve como base para a realização de atividades tais como: alinhavar, recortar, costurar, desenhar, pintar, escrever e digitar, o que permite também o desenvolvimento da atenção e sua conservação, da noção de sequência, da memória, da imitação, dentre outras habilidades importantes para o desenvolvimento cognitivo das crianças.
Propor atividades tais como: modelar massinhas, pegar grãos com as pontas das mãos, rasgar e recortar papéis, brincar com jogos de pequenos encaixes, abotoar, fazer dobraduras, nós simples ou laços permitem a evolução da coordenação motora fina. Portanto, atividades que demandam movimentos de pinça e preensão são a base para o desenvolvimento desse tipo de coordenação motora.
A longo prazo, o exercício de habilidades motoras finas permitirão a aquisição satisfatória da escrita.
Uma boa estruturação dos músculos, proporcionada pela prática de exercícios de coordenação motora, tanto ampla como fina, resultam numa boa coordenação motora. Além disso, é preciso considerar que a hereditariedade, as condições biológicas e naturais, a ação do indivíduo a partir de aspectos motores, perceptivos e energéticos e o estímulo proveniente do ambiente são também fatores que colaboram com o desenvolvimento da coordenação motora.
É possível criar ambientes e situações em que pais e educadores consigam estimular a construção de habilidades motoras. Diante disso, surge a importância da utilização de brincadeiras, jogos e atividades lúdicas em geral. Brincar, por exemplo, é uma excelente forma de se iniciar na aprendizagem dessas habilidades. Por meio dela, a criança compartilha sentimentos e necessidades e adquire a oportunidade de conhecer-se e conhecer o seu entorno, atuando satisfatoriamente sob si e o mundo.
Notas
Os movimentos do corpo dependem do cérebro, que interpreta o que desejamos e dá o comando de execução da ação, e dos músculos, que atenderão aos comandos do cérebro.
De acordo com Vygotsky (1989) “O desenhar e brincar deveriam ser estágios preparatórios ao desenvolvimento da linguagem escrita das crianças. Os educadores devem organizar todas essas ações e todo o complexo processo de transição de um tipo de linguagem para outro (...)”. (VYGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989).
Referências
FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
VYGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
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